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Por todo o Universo a criatura sente com estranheza a sua ausência e o vazio que a preenche é aborrecido pela natureza.
É forçoso considerarmos o perigo de que os ídolos se instalem nesse infinito vazio. Outro perigo é o do luto a que nos poderá agarrar a nostalgia do tempo da infância.
Deus morreu.
E estamos sós na viagem. Pior ainda é estarmos perdidos, na medida em que perdemos o sentido da viagem.
Os homens eram nómadas e erravam no deserto entre dois paraísos. Ouviam a chamada e iam.
Neste tempo, entre o último homem desaparecido e o sobre-humano, na desolação de não se ser, vagueiam ainda os últimos ecos.
Os ouvidos, porém, são agora apêndices inúteis. Todas as trajectórias no Universo assemelham-se a passeios domésticos.
A bem dizer já nem se pode falar de viagens: andar no tempo é apenas mudar de lugar.
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