Começou nebulento, enregelador, pardacento e foi assim ao longo do primeiro dia. Tirar luvas, colocar a máquina entre o gorro e o cachecol, não demorar, disparar. Que logo se veria!
Tirando raros momentos de chuva, do tipo molha-tolos, a semana passou-se seca. Com frio de rachar, o hotel, o metro e as galerias comerciais tornaram-se apetecidas. Nas ruas, gozava-se uma paz de cemitério. Os jardins eclipsaram-se e o Tiergarten (com uma área correspondente a 210 Tremontelos) era uma floresta de paus espetados no solo com ramos nús a dedilharem os céus. O Spree contorcia-se molengão, pardo, sem garra.
Berlim é como Nova Iorque: tem gente de tantas paragens e hábitos que até se consegue encontrar por lá alemães, e a Kudamm dá ares à 5ª Avenida.
A cidade não cria paixões, daí não haver o risco de criar ódios. É uma cidade com que se simpatiza desde o momento da aterragem em Tege. E, a respeito dela, sabemos logo que iremos ficar amigos para toda a vida.