SEGUNDA-FEIRA, 27 DE OUTUBRO DE 2008
A astúcia do Black
Vem calmamente à hora das refeições, senta-se por perto mas não toca na comida. Fica a ver os outros a comerem e só no fim se aproxima, cheira e faz ares de repúdio deixando a entender que comida de lata é coisa um bocado amaricada, comida de cães.
Há dias fui encontrá-lo a comer uma coisa amarela. Era lusco-fusco e não dava para ver bem o que era. Mas era bem amarelo, amarelo-alaranjado e de certo modo volumoso. Se era víscera de animal este seria grande, de certeza. Seria uma cobra esfolada? Aproximei-me do Black para observar a sua presa. O Black arredou-se um pouco para ma deixar apreciar. Não fiz questão de ver bem o que era, pois metia-me algum nojo. Mas não deixei de considerar: "que grande caçador!"
Andava eu a podar as roseiras com a pouca luz do dia que restava e a pálida luz eléctrica que já se acendera e, a certa altura, vi o Black a aproximar-se de mim. Deu-me marradinhas nas pernas, roçou-se sofregamente e ronronou felicíssimo. Disse cá para mim: "ainda por cima é simpático!"
Bem, estava na hora. Arrumei as alfaias no "escritório" e entrei dentro de casa directamente para a cozinha para preparar o jantar. Pus o grelhador ao lume e fui buscar o salmão que estava no tempero soberbo das ervinhas que colhera no jardim.
Descobri nesse dia uma excelente maneira de preparar atum em conserva de lata.